sexta-feira, novembro 10, 2006

O Povo Cubano...

Cuba, num ano qualquer durante o governo de Castro...

Uns turistas banham-se numa das praias de Varadero... Água quentíssima e com uma cor azul inesquecível... Um Sol de lusco-fusco, quase a fugir para lá do Oceano, dando uma tonalidade laranja às palmeiras e à areia, que separa a água do hotel luxuoso... O mar encontra-se quase parado, mais lembrando uma piscina infinita, do que o tal Oceano bravio que é este Atlântico...

Um ambiente quase perfeito, não fosse o momento ter sido interrompido por mais um Cubano, que aparece a vender lagosta, charutos, rum ou aquilo que lhe vem parar à mão... Alguns dos turistas, já cansados de tanta impertinência nas suas férias, reagem com algumas expressões de gozo, face a mais uma "abordagem aquática"...

O cubano, vendo o prazer estampado na cara dos turistas, reage com uma enorme serenidade, explicando que não era seu desejo molestar, mas tinha de o fazer para sobreviver... Pela forma como se exprimia, os turistas aperceberam-se que não estavam perante uma pessoa qualquer... A calma que aplicava em cada palavra, a humildade que saía do seu olhar e a sua forte personalidade calaram os turistas, que se limitaram a ouvir...

Os risos e o gozo deram lugar ao silêncio. O Cubano, professor de inglês como profissão oficial, explicava a estes turistas como era sobreviver em Cuba... Exprimia-se em inglês, olhando por cima do ombro de quando em vez, com receio de que a polícia o visse ou ouvisse... Os turistas olhavam e ouviam incrédulos, a descrição do dia-a-dia de um professor de inglês em Cuba... Vender era um acto de sobrevivência, para ele, mas sobretudo para a sua família.

A descrição durou largos minutos... A voz do Cubano parecia agora ecoar no coração dos turistas... Os que antes riam, agora olhavavam-se meio arrependidos... A admiração pelo professor era notável...

O Cubano parou. Era tempo de se ir daquele sítio, pois a polícia podia começar a desconfiar... Entretanto, os turistas tinham já reunido alguns dólares entre eles. Míseras notas, que pouco ou nada representavam no seu país. Entregaram-nos ao Cubano, devidamente camuflados, para que não fossem vistos pela sempre presente polícia...

Os olhos do Cubano, ao ver o conteúdo do seu presente, inundaram-se de lágrimas... Aqueles dólares simbolizavam uma dádiva para muito mais do que uns dias de sobrevivência...

O professor voltou a desaparecer no meio da água, sem quase se dar conta... Os turistas ficaram calados, enquanto contemplavam o mar cubano... Havia muito que o Sol se tinha posto e dado lugar à escuridão da noite... Nunca mais iriam esquecer o Professor...


PS: Quem já falou com um Cubano, quer tenha sido em Cuba ou noutro sítio qualquer, não pode deixar de sentir a personalidade, a vivacidade, a alegria e a cultura acima da média deste povo... Apesar de todas as dificuldades do seu dia-a-dia, eles demonstram uma alegria, um vigor e um orgulho admirável. Um exemplo para mim.

1 Comments:

At 11:23 p.m., Blogger Pedro Vieira da Silva said...

Uma lição de vida!

Sem mais palavras...

 

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